8 de agosto de 2011

TROMBOSE VENOSA CEREBRAL

A trombose venosa cerebral (TVC) é uma causa elusiva, muitas vezes sub-diagnosticada de deterioração neurológica aguda. É uma condição de alta mortalidade (49%).

Pode originar-se de doenças infecciosas ou não-infecciosas. Causas infecciosas ocorrem principalmente em crianças e incluem: mastoidite, empiema subdural e epidural, encefalite, abscesso, celulite de face ou couro cabeludo e septicemia. Causas não-infecciosas são mais comuns em adultos e incluem: trauma (fratura através da parede dos seios paranasais, cirurgia, etc.), compressão tumoral (meningioma, leucemia), estados de hipofluxo sanguíneo (desidratação, choque, ICC) ou de hipercoagulabilidade (policitemia vera, doença falciforme, CIVD, contraceptivos e gravidez). Entretanto, até 25% dos casos são idiopáticos.

A apresentação mais comum é a cefaléia (75%). Déficits neurológicos focais (motor ou sensorial), disfasia, convulsões e distúrbios de consciência ocorrem em 50-75% dos casos, enquanto que papiledema é menos freqüente (12 -43%).

O modo de início dos sintomas é variável. Início agudo é mais freqüente em casos secundários a infecções ou complicações obstétricas, com sinais neurológicos focais associados, enquanto que início crônicao é mais freqüente em doenças inflamatórias, nos casos idiopáticos, ou na ausência de sinais neurológicos focais.

O seio sagital superior (SSS) é o seio mais comumente acometido, seguido pelos seios transverso, sigmóide e cavernoso.Oclusão de veias corticais geralmente ocorre associada a trombose de seio dural associado, e é rara em sua ausência. Trombose da veia cerebral interna (VCI) é um evento menos comum, mas clinicamente devastador. Coágulos na VCI podem se estender e envolver a veia de Galeno ou o seio reto e pode provocar infartos bilaterais na substância cinzenta profunda dos núcleos da base e no mesencéfalo superior.

Hemorragia intracraniana secundária pode ocorrer como conseqüência do aumento da pressão venosa capilar.

A detecção precoce é extremamente importante para diminuir a morbimortalidade. Fatores classicamente considerado como indicador de mau prognóstico são a taxa de evolução de trombose, a presença de coma, a idade dos pacientes (com uma alta taxa de mortalidade em crianças e idosos), a presença de sintomas focal, e a presença de infarto hemorrágico.

Tratamento da trombose do seio é baseado em uma combinação individualizada de medicamentos sintomáticos (anticonvulsivantes, antibióticos, anti-hipertensivos e medicações para reduzir a pressão intracraniana) e antitrombóticos. O tratamento do processo trombótico é controverso, devido aos riscos de sangramento com o uso de anticoagulantes. Trombectomia cirúrgica pode ser prejudicial em um cérebro edemaciado ou com áreas hemorrágicas. O uso de trombolíticos também é controverso, pelo risco de sangramento, embora alguns acreditam que eles pode promover recanalização.

Achados de imagem:

TC: Os sinais do "delta" ou do "triângulo vazio" se relacionam com a aparência de uma área de baixa atenuação dentro do seio rodeado de sangue. O sinal do "cordão" refere-se a veias corticais trombosadas vistas como áreas lineares de alta densidade. Trombose aguda de um seio grande é visto como uma área de alta atenuação em um exame sem contraste.

RM: Os resultados variam com a idade do coágulo. Trombo agudo é isointenso ao córtex nas imagens ponderadas em T1 e hipointensa (desoxihemoglobina) em T2, que pode ser confundido com ”flow void”. Na fase subaguda precoce o coágulo é hiperintenso em T1 e hipointenso em T2. Na subaguda tardia, são hiperintensos em todas as seqüências de pulso.

AngioRM: Presença ou ausência de fluxo.

Fabrizio Ney Silva Oliveira


Tomografia sem contraste plano axial, seio sagital superior hiperdenso.


Tomografia com contraste plano axial, falha de enchimento no seio transverso direito.


Tomografia com contraste plano axial, falha de enchimento triangular na projeção do seio sagital superior (Delta Vazio).


RM plano axial, imagem pesada em T2, sinal iso / hipointenso na projeção do seio transverso direito.


Axial, T1, pós-contraste evidenciando falha de enchimento na projeção da confluência dos seios


Axial, T1, pós-contraste evidenciando falha de enchimento na projeção do seio transverso direito.


Sagital, Gradiente, pós-contraste evidenciando falhas de enchimento na projeção dos seios venosos.


Sagital T1 sem contraste com alto sinal na projeção do seio sagital superior.